Quando as autoridades se distanciam do Povo

Muitos membros da nossa comunidade devem ter notado uma grande mudança de atitude das autoridades brasileiras no Reino Unido. Há visivelmente um grande distanciamento entre os servidores públicos e a comunidade. Os resultados disso, infelizmente, são desastrosos.

Não tão desastroso quanto o Conselho de Cidadania que se criou em maio de 2013, que apesar de se chamar ‘participativo’ não se interessou em engajar com as associações brasileiras existentes no País. Dele saiu uma representante para o CRBE, agora chamada de porta voz (até mudar o diplomata que assim quis que se chamasse). Ignorantemente, a porta voz do Reino Unido na IV Conferência Brasileiros no Mundo criticou o associativismo brasileiro local. Sem saber como foram criadas as associações e ignorando que foi feita ampla pesquisa com a população antes de decidir no formato delas, usou o microfone para tentar denegrir ao invés de construir.

O distanciamento do Consulado Geral do Brasil em Londres, com nova Cônsul-Geral que sequer tentou se aproximar de uma organização que abriga quase 5000 associados e atende mais de 8500 pessoas por ano se reflete nos péssimos resultados dos dois últimos consulados itinerantes em Bristol e Manchester, onde o número de utentes caiu drasticamente por falta de divulgação, desorganização orçamentária (talvez culpa de Brasília)  e não inclusão de associações educativas e assistenciais.

O sistema de agendamento eletrônico, outro grande fracasso consular, apresenta sérios problemas e causa transtornos diariamente relatados a nós, que passamos 10% do nosso tempo para auxiliar os associados a se utilizarem dos serviços postais de renovação de Passaportes. Ao invés de um ‘muito obrigado’ somos questionados quanto cobramos de taxa de adesão e por que o fazemos.

Fazemos porque a associação brasileira Casa do Brasil em Londres foi assim criada, as adesões são voluntárias e não contamos com verba pública desperdiçada com luxos e mal atendimento. Claro que não somos perfeitos, mas tentamos ouvir para melhorar, algo que as autoridades brasileiras no Reino Unido são incapazes de fazer.

Carlos Mellinger, Presidente, Casa do Brasil em Londres